Leis da Gestalt e Design: qual é a relação?
As leis da Gestalt influenciam e ajudam nas decisões de um design estudado e personalizado. Saiba como utilizar esses elementos da psicologia na criação!(...)
Autor: Redação Impacta
Muitas pessoas estão acostumadas a ler textos diversos — placas de aviso, embalagens, jornais, livros etc. — de maneira direta e objetiva, mas será que o processamento dessas informações é algo tão banal assim?
Na realidade, as coisas são mais interessantes do que parecem, principalmente à luz das leis da Gestalt: a ciência encarregada de estudar a percepção das formas pelo olho humano. Desenvolvemos um padrão de comportamento no campo visual que nos leva a compreender o todo antes de perceber as partes que o compõem. Nesse sentido, a Gestalt pode ser entendida como a psicologia das formas.
O conceito foi introduzido na psicologia e na filosofia contemporânea por Christian Von Ehrenfels, porém, foi Max Wertheimer quem melhor fundamentou a teoria — embora não tenha sido o único. Essa área do conhecimento foi fortemente influenciada por grandes nomes, como Kant, Goethe e Ernst Mach.
No segmento de Design, a Gestalt pode proporcionar criações visualmente perfeitas para quem recebe a mensagem — basta aplicar as técnicas adequadas para envolver o receptor. A seguir, explicaremos como fazer isso.
Como as leis da Gestalt podem ser adaptadas ao Design?
Primeiramente, é importante saber que, para cada estímulo visual recebido pelo cérebro, não existe apenas um impulso sensorial de forma isolada, mas sim diversos sinais que reúnem todas as características interpretadas como semelhantes, somando todas as partes para formar o todo.
Isso quer dizer que, em um primeiro momento, percebemos as coisas em sua totalidade e, depois, nos fixamos nos detalhes. Alguns exemplos disso são as nossas habilidades de vermos objetos conhecidos na formação de nuvens e constelações.
Da mesma forma, podemos explicar os nossos comportamentos, o modo como agimos na sociedade, as roupas que escolhemos e diversas outras condutas que levam o campo da publicidade a elaborar anúncios com base em nossas preferências.
O mesmo se aplica ao design quando criado a partir das leis da Gestalt, que auxiliam na elaboração de estratégias assertivas pautadas nos padrões do comportamento humano.
Se uma pessoa tiver contato com um projeto de design e expressar uma reação positiva, é muito provável que ao menos um dos princípios da Gestalt tenha sido introduzido no conceito.
Sabemos que no ramo da publicidade e da propaganda, do marketing digital, do design, da arquitetura e similares é fundamental que os projetos sejam visualmente funcionais.
Para tanto, é necessário empregar técnicas de emoção e percepção conjuntamente, com o intuito de produzir um resultado mais eficiente e claro. São os princípios e leis da Gestalt que detalhamos a seguir:
Quais são as leis da Gestalt?
Pregnância
Essa lei está diretamente relacionada ao princípio elementar da teoria da Gestalt, ou seja, à captação da composição visual total antes de direcionar a atenção aos elementos isoladamente. Nesse sentido, alguns arranjos que o cérebro lê rapidamente costumam ser harmônicos e homogêneos — por isso, são considerados de alta pregnância.
Em contrapartida, os objetos de baixa pregnância tendem a se apresentar com uma conformação visual confusa e dispersa. Diante disso, podemos afirmar que quanto mais alta for a pregnância da forma, mais precisa será a comunicação da mensagem com o receptor.
Unidade
Muitas criações famosas já usaram essa lei, segundo a qual é possível considerar que a percepção de um objeto pode ser feita por uma ou por diversas partes que compõem a sua totalidade. Assim, uma unidade é vista como um elemento único.
Segregação
Na Gestalt, a segregação é entendida como a capacidade do nosso cérebro de evidenciar os objetos mesmo quando estão sobrepostos. Isso se deve à variação estética e formal entre os elementos, como textura, cores, contraste, sombras, volume e brilho.
É importante se atentar aos contrastes entre os itens de uma composição a fim de conseguir uma leitura visual mais impactante e perceptível pelas pessoas. Da mesma forma, estabeleça graus de segregação, dispondo os elementos em uma hierarquia de importância, valorizando os mais significativos.
Proximidade
Quando os elementos estão muito próximos uns dos outros, eles tendem a ser notados como uma coisa só, ainda mais se houver semelhanças entre si — essa é a lei da proximidade.
Na área do Design, ela é muito usada em projetos de identidade visual e tipografia. Além disso, muitos arquitetos e publicitários usam esse recurso para unificar formas. É possível verificar isso em detalhes de edificações, como prédios com janelas paralelas e padronizadas e cúpulas de igrejas.
Semelhança
Objetos semelhantes em forma, cores e aparência, quando estão próximos, costumam ser assimilados como uma coisa só. Em uma composição cheia de elementos, se a intenção é levar uma mensagem facilmente reconhecível, o criativo deve dar preferência para a igualdade de formatos e tons entre as unidades.
Unificação
Segundo essa lei, quando um objeto composto por diversas unidades de forma harmoniosa apresenta um peso balanceado de pregnância, unidade, proximidade e semelhança, ele está diante da lei da unificação. As mandalas e o símbolo yin-yang são modelos que usam uma proporção equilibrada de leis da Gestalt a fim de criar um todo agradável aos olhos do receptor.
Continuidade
A lei da continuidade está relacionada à maneira como a sucessão dos elementos funciona em nosso cérebro. Ela representa uma tendência dos objetos no sentido de fluir visualmente de forma gradual, por meio de cores, texturas, volume e formas com estrutura estável.
Trata-se de uma lei bastante presente na arquitetura de grandes edifícios, na diagramação de textos, na escala de cores e sempre procura transmitir a melhor percepção aos olhos, na medida do possível.
Fechamento
A lei do fechamento é uma das mais interessantes. Ela estabelece que o nosso cérebro tende a concluir formas que enxergamos como incompletas, ou seja, se a mente é conduzida pelo encadeamento de uma imagem, ela se torna apta a prever o formato da estrutura.
Marcas famosas não caem no gosto do público à toa. Elas estão sempre ancoradas em projetos bem estudados e estruturados com o apoio do conteúdo de diferentes áreas do conhecimento.
A Gestalt é um ramo da psicologia que estuda o comportamento e isso está diretamente vinculado ao Design e áreas semelhantes, afinal, se a ideia é construir bens de consumo para pessoas, nada mais sensato que integrá-los aos usos e preferências do consumidor.
Um bom designer mantém o feeling necessário para buscar essa ciência e aplicá-la de forma inteligente em seus projetos. Ele saberá como os estímulos visuais são percebidos pelas pessoas em suas diferentes nuances.
Ao conhecer as leis da Gestalt, todo profissional consegue ter mais controle sobre suas criações e se torna apto a fazer composições inovadoras, que valorizam o seu trabalho e dialogam com o público de interesse de maneira mais eficiente.
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