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Robótica: o foco atual da “Gang of Four”

As negociações de empresas especializadas em produtos de Robótica parecem ser uma das principais prioridades para os integrantes da chamada Gang of Four.(...)

Autor: Anderson Baldin Figueiredo

Vou iniciar esse artigo buscando reduzir o impacto do termo “Gang” que, em geral, nos traz à mente a ideia de uma associação de pessoas que tem por objetivo a realização de práticas criminosas ou de atividades consideradas ilegais pela comunidade. No contexto desse texto, o termo “Gang” foi criado pela imprensa internacional especializada em TI e/ou Economia para inserir num mesmo grupo, quatro das principais empresas globais de TI no cenário atual.

Feito o esclarecimento, cabe realçar que o termo “Gang of Four”, que define um grupo de empresas composto por Amazon, Apple, Facebook e Google (em ordem alfabética), tem sido cultuado em função do apetite dessas empresas em adquirir, de forma quase exponencial, empresas dos mais diversos segmentos da Economia – e aí podemos elencar empresas de TI, empresas atuantes no ramo de Saúde, fabricantes de smartphones e até grandes órgãos da imprensa, como, por exemplo, o Washington Post.

Como essa é uma coluna dedicada prioritariamente ao integrante da comunidade de Tecnologia da Informação, vou me ater às negociações e seus desdobramentos envolvendo empresas especializadas em produtos de Robótica, que parecem ser uma das principais prioridades para os quatro integrantes desse renomado grupo. O que mais nos chama a atenção é a quantidade de empresas que foram adquiridas em curto espaço de tempo e, principalmente, o volume expressivo de dinheiro investido nessas aquisições. Estamos falando de dezenas de bilhões de dólares que saem dos caixas dessas empresas numa velocidade muito grande e que, em muitos casos, não parecem ter capacidade de trazer o retorno financeiro proporcional a esses investimentos.

Em apenas dois meses, dezembro de 2013 e janeiro de 2014, o Google adquiriu oito empresas com produtos e/ou soluções em Robótica ou Inteligência Artificial. Confira a seguir, a relação dessas empresas e suas atividades principais:

  1. SCHAFT, Inc. Robotics – Empresa especializada em robôs humanoides
  2. Industrial Perception – Robôs bélicos e de equipamentos de visão computadorizada
  3. Redwood Robotics – Armas robotizadas
  4. Meka Robotics – Robôs em geral
  5. Holomni – Rodas robotizadas de alta tecnologia
  6. Bot & Dolly – Câmeras robotizadas
  7. Boston Dynamics – Robôs em geral
  8. DeepMind Technologies – Empresa com soluções em Inteligência Artificial

Entre outras aquisições, o Facebook comprou as empresas Titan Aerospace, fabricante de drones, e Oculus VR, fabricante de headsets para realidade virtual. A Amazon comprou a empresa fabricante de drones Kiva Systems, que era seu fornecedor em operações de expedição de produtos, enquanto a Apple aplicou boa parte dos seus novos investimentos em fábricas de robôs e empresas que possam auxiliá-la em inovações apoiadas em Inteligência Artificial como, por exemplo, a PrimeSense (desenvolvedora dos sensores 3D do MS Kinect).

A relação acima contempla apenas alguns exemplos de compras efetuadas pela Gang of Four recentemente. Ao analisar essas negociações podemos concluir que os principais objetivos comuns a todas essas empresas compradoras, quando decidem pela compra de outras companhias, têm sido:

  • O desejo de assegurar o acesso a futuras ondas de robôs, antes de seus concorrentes;
  • A possibilidade de direcionar novos desenvolvimentos nas empresas adquiridas para atender suas estratégias e objetivos;
  • A necessidade de manter empresas de seu interesse longe dos ataques da concorrência, ao mesmo tempo em que alinha os novos planos no campo da robótica à estratégia da companhia;
  • E, principalmente, o grande interesse na incorporação dos desenvolvedores e dos talentos criativos que atuam nas empresas adquiridas. Esse movimento é bem representado por uma nova expressão que ganhou grande destaque: acqui-hiring (“adquire-para-contratar”), que define aquelas aquisições em que o perfil dos profissionais é fator decisivo para a conclusão da negociação.

Sob a ótica de estratégia de negócios, as potenciais aplicações para Robótica e Inteligência Artificial são inúmeras e o envolvimento agressivo dessas empresas aponta para o aumento da importância e participação desses temas agora e em um futuro próximo:

  • O Facebook já informou que utilizará os drones desenvolvidos pela Titan para prover cobertura de Internet em lugares remotos do planeta (por exemplo, 11.000 drones em áreas com pouca ou nenhuma cobertura na África) e, com isso, atingir mercados ainda não explorados e potencialmente lucrativos;
  • Para o Google, robôs, facilmente programáveis e com visão computadorizada avançada, certamente produzirão robôs industriais mais flexíveis e autônomos, que poderão exercer um número maior de tarefas atualmente feitas por seres humanos;
  • Ao adquirir a Kiva, a Amazon incorpora uma tecnologia diferenciada que melhora a produtividade ao trazer os produtos diretamente aos funcionários para empacotar, armazenar e/ou expedir. Em sua propaganda, a Kiva sempre afirmou que ao trabalhar em conjunto com robôs, um empregado pode atender três vezes mais pedidos por hora.

A paixão pela inovação tem sido o principal motivador por trás dessas aquisições. Em todos esses movimentos fica evidente o desejo das empresas em possuir e controlar o Ciclo da Inovação de uma maneira holística e integrada.

Adicionalmente, podemos afirmar que Amazon e Facebook estão utilizando a mesma estratégia (“Possuir o ecossistema”) que a Apple aplicou na indústria de computadores e que a Oracle, ao adquirir a Sun, e o Google, ao incorporar a Motorola Mobility, já vêm adotando há algum tempo.

Em tudo, desde exploração do espaço e robótica, à medicina e mídia, as quatro empresas denominadas do “Gang of Four” estão utilizando suas grandes reservas financeiras em busca de inovação. E para todos nós resta uma grande questão, ainda sem uma resposta definitiva: Estamos vivendo a década em que as quatro grandes empresas de Tecnologia da Informação vão comprar tudo?

Para finalizar esse post, sugiro a leitura de dois artigos, em inglês, sobre esse tema, que certamente contribuirão para uma melhor compreensão desse cenário. Até a próxima!

  1. Hungry hi-tech giants: Are Google and the gang really getting ready to take over the world?
  1. The economic impact of the robotic revolution

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