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Hackers reforçam luta contra terroristas na web

O coordenador da pós de Cyber Security da Faculdade Impacta falou, em entrevista ao Valor Econômico, sobre a luta dos hackers contra o terrorismo.

Autor: Redação Impacta

O coordenador da pós-graduação em Cyber Security da Faculdade Impacta, Prof. Ricardo Tavares, deu uma entrevista exclusiva para à Valor Econômico, falando sobre como a comunidade hacker vem reforçando a luta contra o terrorismo ao redor do globo. Confira na íntegra:

   Na web, hackers reforçam luta contra terroristas

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Por Gustavo Brigatto,

A série de ações dos hackers do grupo Anonymous pode atrapalhar na divulgação da ideologia do grupo terrorista e no recrutamento de novos membros, segundo especialistas em segurança consultados pelo Valor.

“Isso deixará o Estado Islâmico em alerta. [O Anonymous é] o curinga que não era previsto nesse jogo”, disse Mikko Hypponen, diretor global de pesquisa da empresa de segurança finlandesa FSecure.

Desde segunda-feira, o Anonymous vem executando o que foi batizado como #OpParis. A ideia é vasculhar a internet em busca de informações pessoais dos seguidores do Estado Islâmico e trazer essas informações a público. A prática, conhecida como “doxing“, é uma das principais ferramentas do Anonymous.

A outra é o ataque distribuído de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês), que consiste em tirar um site do ar criando uma enxurrada de tentativas de acessos simultâneos a ele.

A #OpParis é terceira grande operação contra o Estado Islâmico. As atividades começaram no ano passado e ganharam destaque em janeiro, após o atentado ao jornal francês “Charlie Hebdo”.

Pelo balanço do próprio Anonymous, 101 mil contas no Twitter foram identificadas como sendo de integrantes da organização terrorista, desde ano passado, e 149 sites favoráveis ao grupo foram tirados do ar, assim como cinco mil vídeos. O Twitter chegou a desativar mais de 20 mil contas depois disso.

Na terça-feira, o grupo divulgou um saldo parcial da #OpParis, com uma lista de mais 5,5 mil contas e sites relacionados ao Estado Islâmico. O Valor acessou algumas das páginas, nas quais encontrou mensagens de apologia ao Estado Islâmico e até de parabéns pelos atentados em Paris.

Em uma delas, um homem de rosto encoberto, segurando a bandeira preta do grupo, diz que novos atentados serão praticados.

Boa parte do trabalho de encontrar os perfis é feito de forma manual, com pesquisas na internet. O Anonymous chegou a publicar um guia com os principais passos para que qualquer pessoa seja capaz de ajudar na iniciativa.

“Eles conseguem o volume por conta da quantidade de apoiadores ao redor do mundo”, disse Vinícius Serafim, da consultoria de segurança BrownPipe.

O campo de batalha virtual tem sido bastante explorado pelo Estado Islâmico para divulgar sua ideologia, conquistar seguidores e planejar suas ações. Vídeos, fotos e mensagens são rotineiramente publicadas nas redes sociais.

Nos últimos dias, as investigações sobre os atentados em Paris levantaram a possibilidade de os terroristas usarem jogos online para conversar entre si e atrair simpatizantes.

Logo após o anúncio da #OpParis, alguns sites publicaram mensagens supostamente trocadas por integrantes do Estado Islâmico no aplicativo russo Telegram, usado por pessoas que querem conversar sem ser rastreadas.

Nelas, os membros do Anonymous são chamados de idiotas por simpatizantes do grupo terrorista. Algumas instruções de segurança também são dadas para evitar vazamento de informações como não clicar em links de e-mails de pessoas estranhas e não manter conversas privadas com desconhecidos em programas de mensagens ou pelo Twitter.

Alguns especialistas têm levantado questionamentos sobre os métodos do Anonymous. No começo do ano, em uma ação contra a Ku Klux Klan (KKK), nos Estados Unidos, o grupo causou problemas ao denunciar como integrantes da organização racista pessoas que nada tinham a ver com ela.

No caso do Estado Islâmico, existe o risco de que as ações atrapalhem as investigações das unidades de inteligência. As redes sociais são uma fonte de informação sobre as ações dos terroristas e perdê-las pode significar ter menos dados sobre eles.

Ricardo Tavares, sócio-diretor da consultoria Daryus, disse não acreditar nessa interferência. Para ele, por ter em seus quadros especialistas em diversas áreas do mundo da tecnologia, o Anonymous pode, eventualmente, servir como fonte para os serviços de inteligência.

“Eles terão mais facilidade em se infiltrar onde o Estado Islâmico está”, disse.

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